Acne da mulher adulta e menopausa: rotinas e soluções naturais

Se você acha que espinhas e cravos ficam para trás após a adolescência, saiba que a pele nem sempre segue essa lógica. A acne da mulher adulta (AFA) é uma realidade e, segundo artigo publicado no International Journal of Women’s Health, acomete mulheres com mais de 25 anos, podendo atingir também as que já passaram pela menopausa.

Diferentemente da acne juvenil, a acne da mulher adulta costuma surgir como poucas lesões inflamatórias de difícil tratamento, localizadas no queixo, na mandíbula e na região do pescoço. Ela pode persistir desde a adolescência (acne persistente), aparecer de forma tardia na vida adulta (acne de início tardio) ou reaparecer após um período de remissão (acne recorrente).

Durante a menopausa e a perimenopausa, o corpo passa por uma queda acentuada do estrogênio enquanto os ovários continuam produzindo andrógenos. Esse desequilíbrio provoca uma “desproporção hormonal” que aumenta a atividade das glândulas sebáceas e favorece o surgimento de espinhas.

Somam-se a isso fatores como estresse, privação de sono, uso de certos medicamentos, alterações genéticas e hábitos de cuidado inadequados.

Mas calma: com informação e rotina adequada, é possível atravessar essa fase com a pele equilibrada e autoestima em dia.

O que é a acne da mulher adulta?

A acne da mulher adulta é a persistência ou o retorno das espinhas após os 25 anos. Ela envolve inflamação dos poros e das glândulas que produzem óleo na pele e pode afetar autoestima e rotina.

Como a acne costuma se apresentar nesta fase:

• Padrão das lesões: cravos, pápulas e pústulas tendem a concentrar-se em queixo, linha da mandíbula e pescoço, com períodos de piora.
  
  
• Fatores que pesam no dia a dia: cosméticos oclusivos, estresse, sono ruim e hábitos de limpeza agressivos podem piorar o quadro.
  
  
• Quando investigar: procure avaliação se houver acne de início súbito e intenso, ciclos menstruais muito irregulares, queda de cabelo com afinamento difuso, aumento de pelos em áreas incomuns ou ganho de peso rápido.

A influência hormonal pode existir, mas não é regra obrigatória. Muitas mulheres têm exames dentro do padrão e, ainda assim, a pele “responde demais” aos andrógenos.

Como a menopausa influencia a pele?

Na perimenopausa e na menopausa, a queda do estrogênio altera hidratação, elasticidade e reparo da pele. Com isso, a pele pode ficar mais oleosa, sensível e com maior tendência à acne.

• Efeito relativo dos andrógenos: com menos estrogênio, os andrógenos têm ação proporcionalmente maior, estimulando glândulas sebáceas e favorecendo poros que se obstruem com facilidade.
  
  
• Barreira cutânea mais vulnerável: a camada protetora perde eficiência, aumenta a perda de água e a pele reage mais a agentes potencialmente irritantes.
  
  
• Reparo e estrutura: o ritmo de cicatrização diminui e há redução de colágeno e elasticidade, o que prolonga marcas e manchas depois da inflamação.
  
  
• Ecossistema da pele: mudanças no ambiente cutâneo desequilibram o microbioma e ampliam respostas inflamatórias.

Além disso, muitos tratamentos tradicionais para acne, como anticoncepcionais ou isotretinoína, não são recomendados para mulheres na menopausa. É preciso respeitar a condição de pele madura e escolher produtos gentis, que controlem a oleosidade sem provocar ressecamento e irritação.

Fatores que contribuem para o surgimento ou agravamento da acne da mulher adulta

Embora a oscilação hormonal seja a principal causa, outros elementos podem desencadear ou piorar a acne na fase adulta. Entre os fatores apontados estão:

• Genética: predisposição a glândulas sebáceas mais sensíveis aos andrógenos.
  
  
• Estresse e privação de sono: elevam o cortisol e influenciam o equilíbrio hormonal, exacerbando a inflamação.
  
  
• Cosméticos inapropriados: maquiagens oleosas, bases oclusivas e cremes comedogênicos podem obstruir os poros.
  
  
• Dieta de alta carga glicêmica e leite (sobretudo desnatado): elevam a insulina e podem aumentar a oleosidade e inflamação em pessoas predispostas.
  
  
• Tabagismo e poluição: toxinas ambientais prejudicam a função de barreira e estimulam a produção de radicais livres.
  
  
• Medicamentos: corticoides, anabolizantes, vitamina B12, lítio e alguns antipsicóticos podem desencadear acne (acne medicamentosa).
  
  
• Síndrome dos ovários policísticos (SOP): causa hiperandrogenismo e irregularidades menstruais, podendo levar à acne persistente.
  
  
• Reposição hormonal mal ajustada: tipo ou dose inadequados, sobretudo fórmulas com efeito semelhante ao da testosterona, podem piorar a acne.
  
  

Tipos de acne da mulher adulta e sintomas comuns

A acne da mulher adulta apresenta padrões distintos dos da adolescência. Os principais tipos são:

1. Acne persistente: começa na adolescência e continua na idade adulta, com períodos de melhora e piora.
   
   
2. Acne de início tardio: surge pela primeira vez após os 25 anos, muitas vezes próxima à perimenopausa.
   
   
3. Acne recorrente: desaparece após a adolescência, mas volta a surgir em regiões específicas, como queixo e mandíbula.

Sintomas físicos

• Cravos (abertos e fechados), pápulas, pústulas e, nos quadros mais intensos, nódulos dolorosos.
  
  

• Maior sensibilidade e afinamento, com risco aumentado de manchas e cicatrizes pós-inflamação.

Impacto emocional

• A acne na fase adulta pode repercutir no bem-estar, levando a baixa autoestima. Quando persistente ou relevante, deve ser considerada na avaliação e no plano de cuidado.

Cuidados gerais para pele acneica em mulheres adultas

O famoso skincare ajuda a equilibrar a produção de sebo, reduzir a inflamação e prevenir novas erupções. As dicas a seguir são recomendadas por dermatologistas e adaptadas para a pele madura.

• Limpeza suave: lave o rosto duas vezes ao dia com sabonetes específicos para pele oleosa, sem sulfatos agressivos. Evite esfregar para não estimular ainda mais a produção de sebo.
  
  
• Hidratação equilibrada: mesmo a pele oleosa precisa de hidratação. Use hidratantes leves e “não comedogênicos”, com ingredientes como ácido hialurônico e ceramidas.
  
  
• Fotoproteção: use protetor solar oil free todos os dias para evitar manchas e agravamento da acne. Escolha fórmulas específicas para pele oleosa e reaplique conforme orientação.
  
  
• Estilo de vida: durma bem, pratique atividades relaxantes (meditação, yoga), mantenha uma alimentação equilibrada e beba água. O estresse crônico estimula hormônios inflamatórios que favorecem as espinhas.
  
  
• Acompanhamento médico: consulte um dermatologista para investigar causas hormonais e discutir terapias tópicas ou sistêmicas apropriadas. Evite automedicação.
  
  

Óleos essenciais: tratamento natural para acne da mulher adulta

Os óleos essenciais são alternativas complementares para o cuidado da pele. Estudos mostram que eles podem reduzir as bactérias associadas à acne, controlar a produção de sebo e modular a inflamação.

Por serem concentrados, devem ser usados com cautela, sempre diluídos em um óleo carreador (como óleo de coco ou de semente de uva) e em baixas concentrações.

Conheça os principais óleos indicados para a acne da mulher adulta e seus benefícios

1. Óleo essencial de Melaleuca (Tea Tree – Melaleuca alternifolia)

O óleo de melaleuca é extraído das folhas e dos ramos da planta Melaleuca alternifolia. Ele tem ação contra bactérias e fungos e ajuda a acalmar a pele inflamada. Seus compostos ativos dificultam a proliferação de microrganismos ligados às espinhas, como a Cutibacterium acnes e o Staphylococcus aureus. Estudos indicam que, mesmo em baixas concentrações, a melaleuca consegue inibir o crescimento dessas bactérias.

Benefícios

• Atua diretamente nas bactérias causadoras da acne, reduzindo a inflamação e a quantidade de lesões.
• Possui ação secativa e ajuda a controlar a oleosidade sem ressecar a pele.
• É considerado um dos antissépticos naturais mais potentes, podendo também auxiliar em outras condições de pele como caspa, psoríase e micoses.

Cuidados

Dilua em óleo vegetal e aplique pontualmente nas lesões. Faça sempre um teste de sensibilidade no antebraço antes de utilizar no rosto. Evite uso próximo aos olhos e mucosas.

2. Óleo essencial de Limão Siciliano (Citrus limon)

Extraído das cascas do limão, o óleo essencial de Citrus limon é rico em D‑limoneno, β‑pineno e γ‑terpineno. O limoneno apresenta propriedades antimicrobianas e anti-inflamatórias amplamente estudadas. Pesquisadores demonstraram que o óleo e o limoneno são capazes de reduzir a aderência bacteriana, causar alterações na membrana celular e inibir a transcrição de fatores de crescimento, o que justifica seu uso em fórmulas antiacne.

Benefícios

• Ação adstringente e purificante que ajuda a controlar a oleosidade e restaurar o brilho natural da pele.
• Propriedades antibacterianas e anti-inflamatórias graças à alta concentração de limoneno.
• Aroma cítrico que promove sensação de bem-estar e frescor.

Cuidados

Óleos cítricos contêm fotossensibilizantes que podem causar manchas se a pele for exposta ao sol logo após a aplicação. Utilize apenas à noite ou aguarde pelo menos 8 a 12 horas antes de se expor ao sol. Dilua sempre em óleo carreador e não aplique sobre a pele irritada.

3. Óleo essencial de Alecrim (Rosmarinus officinalis)

O alecrim é uma planta aromática com ações antioxidante, cicatrizante, antisséptica e antibacteriana. Em estudos científicos, o extrato de alecrim reduziu a inflamação ligada à Cutibacterium acnes, ajudando a diminuir sinais que mantêm a pele irritada. Esse efeito é associado a compostos naturais do alecrim.

Benefícios

• Combate bactérias associadas à acne e diminui a resposta inflamatória.
• Possui ação cicatrizante e antioxidante, acelerando a recuperação das lesões e protegendo a pele contra radicais livres.
• Pode ajudar a melhorar a circulação e o tônus da pele, conferindo aspecto mais firme e saudável.

Cuidados

Não é recomendado para gestantes. Use em concentrações baixas, sempre diluído em óleo carreador. Faça teste de sensibilidade e evite uso se houver irritação.

Como aplicar óleos essenciais na pele com segurança

• Diluição correta: sempre dilua entre em óleo vegetal para evitar irritação.
  
  
• Aplicação pontual: use cotonete ou pincel para aplicar o óleo apenas nas lesões, evitando áreas sensíveis.
  
  
• Testar antes: faça o teste de toque no antebraço e observe por 24 h. Se surgir vermelhidão ou coceira, suspenda o uso.
  
  
• Rotina noturna: óleos fotossensibilizantes devem ser usados à noite.
  
  
• Intervalo de uso: caso utilize outros tratamentos dermatológicos (ácidos, retinoides), espere alguns dias para introduzir os óleos essenciais e sempre informe seu dermatologista.
  
  

Conheça o Kit Pele Acneica Wellife

Pensando em facilitar o cuidado diário da pele acneica, a Wellife desenvolveu o Kit Pele Acneica, um combo com três óleos essenciais 100% puros: melaleuca, limão siciliano e alecrim.

• Melaleuca: reduz as bactérias e controla a oleosidade.
  
  
• Limão siciliano: promove limpeza profunda e ação antisséptica, devolvendo o viço natural.
  
  
• Alecrim: acelera a cicatrização e protege a pele contra os radicais livres.
  
  

Um kit, três frentes de ação: limpeza profunda, controle do brilho e recuperação das áreas sensibilizadas. A combinação dos óleos trabalha de forma complementar para reduzir a recorrência das espinhas, suavizar a vermelhidão e manter a pele mais estável no dia a dia, com a delicadeza que a pele adulta e da menopausa pede.

Acne da mulher adulta e menopausa: o que fica

Se a acne voltou nessa fase, não é descuido: é fisiologia e costuma oscilar. O que funciona é uma rotina estável e escolhas compatíveis com a pele madura. 

Seus exames podem estar dentro do padrão e, ainda assim, a pele reagir, por isso, ajustar expectativas e acompanhar a evolução faz parte do processo. 

A aromaterapia pode complementar esse cuidado, com óleos como melaleuca, limão-siciliano e alecrim, inseridos de forma consistente no plano definido com sua dermatologista e auxílio de um aromaterapeuta. Com isso se pode reduzir surtos e inflamações, mantendo a pele mais estável ao longo do tempo.

Referências

Dias da Rocha MA, Saint Aroman M, Mengeaud V, Carballido F, Doat G, Coutinho A, Bagatin E. Unveiling the Nuances of Adult Female Acne: A Comprehensive Exploration of Epidemiology, Treatment Modalities, Dermocosmetics, and the Menopausal Influence. Int J Womens Health. 2024 Apr 18;16:663-678. doi: 10.2147/IJWH.S431523. PMID: 38650835; PMCID: PMC11034510. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/38650835/

Nurzyńska-Wierdak R, Pietrasik D, Walasek-Janusz M. Essential Oils in the Treatment of Various Types of Acne-A Review. Plants (Basel). 2022 Dec 24;12(1):90. doi: 10.3390/plants12010090. PMID: 36616219; PMCID: PMC9824697. https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC9824697/

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