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​​Estresse ocupacional: como a aromaterapia pode ajudar com a prevenção

​​Estresse ocupacional: como a aromaterapia pode ajudar com a prevenção

Os afastamentos do trabalho por problemas psicológicos cresceram tanto que viraram pauta de legislação: em 2024, 472.328 licenças médicas foram concedidas no Brasil por motivos de saúde mental, segundo dados oficiais do Ministério da Previdência Social, divulgados pelo TRT.

O debate acelerou a entrada em vigor da Lei 14.311/2022 e da atualização da NR-1, que a partir de 26 de maio de 2025 inclui a avaliação de riscos psicossociais (como estresse ocupacional, assédio e sobrecarga) nos programas obrigatórios de Segurança e Saúde no Trabalho das empresas.

Algumas categorias vivem tudo isso em intensidade maior. A enfermagem é frequentemente citada em estudos por enfrentar plantões longos, contato contínuo com sofrimento e responsabilidade clínica elevada, combinação que aumenta o desgaste emocional.

Pesquisas com essa categoria vêm testando intervenções simples de cuidado durante o turno, incluindo pausas estruturadas e o uso controlado da aromaterapia com lavanda, bergamota ou combinações florais, que mostraram redução de marcadores de estresse.

Esses achados ainda estão em construção, mas chamam atenção para a importância de pequenos intervalos de recuperação no ambiente de trabalho.

Estresse ocupacional e prevenção

O que é estresse ocupacional

De maneira simples, estresse ocupacional é a resposta física e emocional quando as demandas do trabalho excedem (ou parecem exceder) a capacidade de lidar com elas de forma sustentável. Pressão constante, metas irrealistas, jornadas extensas, ruído, conflitos de equipe e pouca autonomia são gatilhos comuns. Organismos internacionais como a OMS e a OIT vêm alertando que ambientes mal estruturados ampliam o risco de adoecimento mental, causando queda de produtividade e afastamentos. Por outro lado, locais de trabalho saudáveis funcionam como fator de proteção.

Principais gatilhos

  • carga de trabalho elevada ou prazos apertados;

  • baixa autonomia ou falta de clareza nas responsabilidades;

  • comunicação ineficiente e conflitos de equipe;

  • jornadas extensas sem pausas adequadas;

  • exposição contínua a sofrimento ou situações críticas (comuns na enfermagem).

Esses elementos, somados ou isolados, mantêm o organismo em estado de alerta prolongado. O resultado pode aparecer em forma de irritabilidade, dores musculares, insônia, lapsos de memória, queda na imunidade e até no aumento de afastamentos do trabalho, números que motivaram a atualização da norma.

Por que a enfermagem sente o estresse ocupacional mais de perto

Se você perguntar a profissionais da enfermagem sobre a rotina, a resposta costuma incluir plantões de 12 horas, alarme de monitor tocando sem parar e decisões rápidas que impactam diretamente a vida de alguém. Essa realidade já explica parte da sobrecarga, mas não tudo. Alguns fatores se repetem nos relatos de profissionais de enfermagem:

  • Exposição contínua ao sofrimento alheio: acompanhar dor, perdas e ansiedade dos pacientes consome reservas emocionais;

  • Jornadas longas e trabalho em turnos: alternar dias e noites bagunça o relógio biológico, favorecendo irritabilidade e cansaço;

  • Alta responsabilidade clínica: cada medicação administrada e cada prontuário assinado carregam peso legal e ético;

  • Recursos humanos limitados: equipes reduzidas significam ritmo acelerado e poucas pausas para hidratar, comer ou simplesmente respirar.

Não surpreende, portanto, que estudos apontem índices elevados de estresse e esgotamento nesse grupo. Um estudo publicado em 2025 avaliou enfermeiros de diferentes departamentos e verificou que a simples difusão de óleo essencial de lavanda ao longo de quatro semanas ajudou a baixar frequência cardíaca e pontuações de estresse percebido; os efeitos foram ainda melhores quando combinados com música relaxante.

Estresse ocupacional e prevenção

Como pequenos intervalos fazem diferença

A literatura chama esses momentos de “micro‑pausas de recuperação”: paradas de cinco a dez minutos que interrompem o ciclo de tensão. Quando a cultura no trabalho permite e incentiva esses respiros, surgem benefícios como:

  • restabelecimento temporário do equilíbrio entre sistema nervoso simpático (alerta) e parassimpático (relaxamento);

  • redução gradual de dores de cabeça, rigidez cervical e fadiga ocular;

  • melhora na clareza mental, importante para evitar erros.

Sintomas do estresse ocupacional

Quando o corpo começa a trabalhar em “modo alerta” o tempo todo, ele deixa pistas. É preciso reconhecer esses sinais, porque facilita buscar ajuda antes que o desgaste se transforme em algo maior, como depressão ou burnout.

Como o estresse pode se manifestar

  • Físicos: tensão na nuca ou nos ombros, dores de cabeça frequentes, alterações no sono (deita cansado, acorda exausto), palpitações ocasionais, problemas digestivos.

  • Emocionais: irritabilidade sem motivo claro, sensação constante de pressão, dificuldade para relaxar mesmo fora do horário de trabalho, queda de motivação.

  • Cognitivos e comportamentais: lapsos de memória, dificuldade de concentração, aumento no consumo de café ou açúcar, procrastinação ou, no extremo oposto, hiperprodutividade que não dá trégua.

Se dois ou mais desses sinais aparecem juntos por semanas, é hora de acender o alerta e buscar orientação de um profissional de saúde.

Estresse ocupacional e prevenção

Diferença entre estresse ocupacional e burnout

Embora ambos surjam da mesma fonte de pressão no trabalho, estresse ocupacional e burnout não são sinônimos. A OMS classifica o burnout como um fenômeno exclusivamente ligado ao contexto laboral, descrito no CID‑11 como um quadro de exaustão, distanciamento mental e sensação de ineficácia persistentes. Já o estresse é uma reação natural que pode até ser positiva em doses pontuais, o problema é quando ela deixa de ser passageira.

Aspecto

Estresse ocupacional

Burnout

Origem

Demandas temporárias ou picos sazonais de trabalho.

Exposição crônica a estressores sem alívio suficiente.

Duração

Oscila e tende a melhorar após descanso adequado.

Instala‑se de forma progressiva e não cede sem intervenção.

Sintomas dominantes

Tensão muscular, irritabilidade, dificuldade de concentração, insônia leve.

Exaustão intensa, distanciamento, sensação de baixa realização.

Estado emocional

Ansiedade predominante; energia ainda presente para reagir.

Sensação de “tanque vazio”; indiferença e desapego.

Recuperação típica

Pausa, férias, ajuste de carga e práticas de autocuidado.

Necessita mudanças estruturais no trabalho e, com frequência, apoio profissional.

Reconhecimento clínico

Não é classificado como transtorno, mas pode evoluir.

Incluído no CID‑11 como síndrome ocupacional.

Como perceber a diferença

Se nem mesmo um feriado prolongado ou as férias devolvem sua disposição, é hora de ligar o alerta. Sentir‑se distante do trabalho, duvidar do próprio valor e acordar exausto dia após dia sugerem que o estresse pode ter evoluído para burnout. Nessa situação, procure apoio profissional e converse com o serviço de saúde ocupacional da empresa.

Leia mais sobre Burnout, aqui!

Como prevenir o estresse ocupacional

Estresse no trabalho não se resolve com “receita de bolo”, mas algumas medidas ajudam bastante:

1. Coloque a casa em ordem

A atualização da NR‑1 obriga as empresas a incluir fatores de risco psicossocial (pressão excessiva, assédio, sobrecarga) na lista de perigos e no plano de ação de SST. Se você é gestor, vale:

  • mapear tarefas que geram maior tensão;

  • ajustar metas para que sejam realistas;

  • criar canais seguros de denúncia para casos de assédio.

Para o colaborador, conhecer a norma dá respaldo para dialogar sobre carga de trabalho e pausas necessárias.

2. Aposte nas micro‑pausas

Parar cinco minutinhos, alongar o pescoço ou tomar água não é perda de tempo, é investimento em saúde física e emocional. Dicas rápidas:

  • programe um lembrete a cada 90 min para levantar e esticar as pernas;

  • use esse momento para respirar fundo ou fazer um lanche leve;

  • volte com mais foco (e menos dor nas costas).

3. Crie (ou utilize) a sala de pausa aromática

Empresas que já oferecem um cantinho silencioso saem na frente. Difusor ultrassônico, poltrona confortável e iluminação suave fazem a diferença.

4. Fortaleça a rotina fora do crachá

  • Sono: tente deitar e acordar em horários regulares, mesmo em semanas de turnos alternados.

  • Movimento: 30 minutos de caminhada ou alongamento já modulam hormônios do estresse.

  • Alimentação: refeições equilibradas mantêm a energia estável e evitam picos de irritabilidade.

5. Peça ajuda quando precisar

Se sinais como irritabilidade constante, falta de energia ou insônia persistirem por semanas, procure um profissional de saúde.

Estresse ocupacional e prevenção

Passo a passo para montar uma sala de pausa aromática na empresa

Às vezes, tudo o que a mente precisa é de um cantinho tranquilo para “desligar” por cinco minutos,  e essa pausa curta já é suficiente para recarregar as energias. Que tal transformar esse intervalo em uma experiência sensorial ainda mais relaxante? Veja como criar uma sala de pausa aromática que siga as boas práticas de segurança.

1. Escolha o espaço certo

  • Silencioso e ventilado: prefira um quarto pequeno ou sala anexa longe de telefones e impressoras.

  • Iluminação suave: luz indireta ou abajur com lâmpada de tom quente ajuda o cérebro a sair do “modo alerta”.

 

2. Defina o difusor

Um difusor ultrassônico de 300 mL atende bem salas de até 20m2. Ele libera partículas finas de óleo essencial em água fria, evitando riscos de queimadura e preservando os compostos aromáticos.

 

3. Selecione óleos essenciais apropriados para descanso

 

4. Defina o protocolo de uso

  1. Tempo: ligar o difusor por até 30 minutos, até 3 vezes ao dia. Sessões mais longas podem causar fadiga olfativa.

  2. Concentração: pingar de 3 a 5 gotas de óleo essencial na água.

  3. Ventilação: depois da sessão, deixar a porta aberta por cinco minutos.

 

5. Cuidados de segurança

  • Alergias ou asma: afixar aviso na porta e garantir que a sala seja de uso opcional.

  • Gestantes, lactantes e crianças: orientar para consultar um profissional de saúde antes de usar aromas cítricos ou florais concentrados.

  • Higiene: esvaziar, limpar e secar o reservatório diariamente para evitar proliferação de fungos.

Com espaço acolhedor, protocolo simples e escolha consciente de óleos essenciais, a sala de pausa vira um recurso acessível para toda a equipe, alinhado à nova norma e às melhores práticas de bem‑estar no trabalho.

Estresse ocupacional e prevenção

Próximos passos para prevenir o estresse ocupacional

Um ambiente de trabalho psicologicamente saudável combina regras claras, pausas bem planejadas e escolhas sensoriais simples que acalmam a mente. Cuidar da saúde mental não precisa ser complicado nem tomar muito tempo: basta um espaço de respiro, alguns minutos de atenção plena e o aroma certo para lembrar o corpo de que ele pode relaxar.

Se cada profissional se permitir esses instantes, a rotina ganha fôlego, a produtividade agradece e as normas deixam de ser só obrigação para se tornar parte de uma cultura de bem‑estar.

Referências

Giani, V. C., Cavalcante, J. A., dos Santos, L. C., Garcia, J. B. A., de Souza, K. M. J., & Domingos, T. da S. (2023). AROMATERAPIA NA REDUÇÃO DOS SINTOMAS DE ESTRESSE NA EQUIPE DE ENFERMAGEM: REVISÃO INTEGRATIVA DE LITERATURA: INTEGRATIVE REVIEW. Revista Baiana De Enfermagem‏, 37. https://doi.org/10.18471/rbe.v37.53895

Hung CL, Lin YL, Chou CM, Wang CJ. Efficacy of Aromatherapy at Relieving the Work-Related Stress of Nursing Staff from Various Hospital Departments during COVID-19. Healthcare (Basel). 2023 Jan 4;11(2):157. doi: 10.3390/healthcare11020157. PMID: 36673525; PMCID: PMC9859127.

Yang HJ, Li MW, Chen TC. Evaluating the impact of lavender aromatherapy and music therapy on reducing stress, anxiety, and depression in female nurses during the COVID-19 pandemic. Complement Ther Clin Pract. 2025 May;59:101973. doi: 10.1016/j.ctcp.2025.101973. Epub 2025 Mar 18. PMID: 40127529.

Chen M.‑C., Fang S.‑H., Fang L. The effects of aromatherapy in relieving symptoms related to job stress among nurses. International Journal of Nursing Practice (2013). Disponível em: https://doi.org/10.1111/ijn.12229.

Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região. Novas normas relacionadas à saúde mental no trabalho são tema do Laborando (2025). Disponível em: https://www.trt8.jus.br/noticias/2025/novas-normas-relacionadas-saude-mental-no-trabalho-sao-tema-do-laborando.

Ministério do Trabalho e Emprego. Empresas brasileiras terão que avaliar riscos psicossociais a partir de 2025 (2024). Disponível em: https://www.gov.br/trabalho-e-emprego/pt-br/noticias-e-conteudo/2024/Novembro/empresas-brasileiras-terao-que-avaliar-riscos-psicossociais-a-partir-de-2025.

Organização Pan‑Americana da Saúde. Dia Mundial da Saúde Mental 2024 – Campanha (2024). Disponível em: https://www.paho.org/pt/campanhas/dia-mundial-da-saude-mental-2024.

Organização Mundial da Saúde & Organização Internacional do Trabalho. Chamado para novas medidas de enfrentamento das questões de saúde mental no trabalho (2022). Disponível em: https://www.paho.org/pt/noticias/28-9-2022-oms-e-oit-fazem-chamado-para-novas-medidas-enfrentamento-das-questoes-saude.

Organização Mundial da Saúde. Burn‑out an “occupational phenomenon”: International Classification of Diseases (2019). Disponível em: https://www.who.int/news/item/28-05-2019-burn-out-an-occupational-phenomenon-international-classification-of-diseases.

Organização Mundial da Saúde. Stress – Questions & Answers (2022). Disponível em: https://www.who.int/news-room/questions-and-answers/item/stress.

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