Aromaterapia em cuidados paliativos: alívio para corpo e mente nos momentos mais delicados

Os cuidados paliativos são dedicados a oferecer conforto para pacientes com doenças graves ou incuráveis. Em vez de focar na cura, a prioridade é aliviar o sofrimento físico, emocional e espiritual, proporcionando um suporte acolhedor ao paciente e à sua família. Esse cuidado busca atender às necessidades de cada pessoa de maneira compassiva, respeitando suas escolhas e dignidade.
Dentro dessa perspectiva, a aromaterapia pode enriquecer a experiência de cuidado ao utilizar óleos essenciais que ajudam a aliviar sintomas como dor, ansiedade e insônia. Através de técnicas como massagens suaves, inalações e banhos relaxantes, é possível criar um ambiente mais sereno e acolhedor, oferecendo um momento de paz e alívio para o paciente.
Cuidados paliativos: proteção contra o sofrimento humano
O termo "paliativo" deriva do latim "pallium", que significa manto. Assim como um manto protege do frio, os cuidados paliativos têm como objetivo proteger contra o sofrimento humano, promovendo conforto e dignidade. Ao contrário do que muitos pensam, os cuidados paliativos não se limitam a pessoas em fase terminal; eles são aplicáveis desde o diagnóstico de uma doença crônica, proporcionando suporte integral ao paciente e à sua família.
O sofrimento físico: controlar os sintomas é possível
O sofrimento físico é uma das primeiras preocupações nos cuidados paliativos. Muitas pessoas acreditam que não há mais o que fazer quando uma doença não tem cura, mas essa é uma visão equivocada. Há muito o que se pode fazer para controlar os sintomas físicos, como a dor, o cansaço e a dificuldade respiratória. A medicina paliativa oferece uma abordagem centrada no alívio desses sintomas, utilizando uma combinação de intervenções farmacológicas e não farmacológicas para garantir o máximo de conforto ao paciente.
Controle emocional: a complexidade da Psicologia
Um dos aspectos mais desafiadores dos cuidados paliativos é o controle emocional. Há uma frase que diz: “Medicina é simples, difícil é a psicologia!”. Essa afirmação resume bem a complexidade de lidar com o sofrimento emocional de pacientes e familiares. O enfrentamento de uma doença grave ou do fim da vida provoca uma gama de emoções — medo, tristeza, angústia, raiva — que precisam ser abordadas com sensibilidade e empatia. Os cuidados paliativos incluem suporte psicológico para ajudar todos os envolvidos a lidar com esses sentimentos, oferecendo um espaço seguro para expressar emoções e encontrar conforto.
Uma abordagem integral
Os cuidados paliativos adotam uma abordagem holística que considera as dimensões física, emocional, social e espiritual do ser humano. Entender que a saúde não é apenas a ausência de doença é fundamental. A dor e o sofrimento não são apenas físicos; eles também afetam a mente, as relações sociais e a espiritualidade de cada indivíduo. Por isso, a equipe de cuidados paliativos é composta por médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais e até mesmo líderes religiosos, todos trabalhando em conjunto para atender às necessidades do paciente de maneira completa.
A importância do apoio social e familiar
Ninguém adoece sozinho. O impacto de uma doença grave é sentido por todos ao redor do paciente — familiares, amigos e até mesmo a comunidade. A doença afeta dinâmicas familiares e pode gerar conflitos, medos e ansiedades. Nos cuidados paliativos, o suporte social e familiar é essencial. A equipe de cuidados trabalha para fortalecer esses laços, oferecendo apoio e recursos para que todos possam lidar melhor com a situação. Afinal, cuidar do paciente é também cuidar dos que estão ao seu redor.
Contribuições para o bem-estar do paciente
A aromaterapia está cada vez mais incorporada à prática clínica, especialmente por profissionais de enfermagem em ambientes de cuidados paliativos.
De acordo com um estudo recente, a aromaterapia se destaca como a terapia complementar mais comumente utilizada em todo o mundo, particularmente por enfermeiras(os). Os cuidados necessários para pacientes em cuidados paliativos estão profundamente focados no conforto e na qualidade de vida, e o uso de aromaterapia clínica surge como uma opção para complementar o tratamento convencional. Isso porque o excesso de intervenções tradicionais pode causar efeitos colaterais indesejados, podendo até ampliar os problemas de saúde do paciente.
Benefícios da aromaterapia para sintomas físicos em cuidados paliativos
Observe como alguns óleos essenciais podem atuar em diferentes situações:
Dores
A dor é uma queixa frequente em cuidados paliativos e pode comprometer seriamente o bem-estar do paciente. Óleos como lavanda e hortelã-pimenta são conhecidos por suas propriedades calmantes e refrescantes, que podem aliviar tensões musculares e desconfortos nas articulações. A lavanda, com seu aroma suave, pode ser usada para diminuir a sensação de dor, enquanto o hortelã-pimenta, com efeito revigorante, é útil para tratar dores localizadas e dar uma sensação de frescor.
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Náusea e constipação
Náusea e constipação são sintomas comuns entre pacientes em cuidados paliativos, muitas vezes causados por tratamentos ou pela própria condição clínica. O óleo de hortelã-pimenta ajuda a aliviar o desconforto abdominal e facilita a digestão, oferecendo uma sensação de leveza e conforto.
Insônia e fadiga
A dificuldade para dormir e a fadiga constante são desafios que afetam o equilíbrio emocional e físico de quem está em cuidados paliativos. A lavanda é bastante utilizada para ajudar no relaxamento e na indução de um sono mais tranquilo. O óleo de bergamota, com suas notas cítricas, pode reduzir a ansiedade, ajudando a mente a relaxar e a desacelerar, criando um ambiente mais propício para o descanso.
Massagem
A massagem com óleos essenciais diluídos pode ser um recurso que vai além do alívio físico, proporcionando também um momento de conexão humana e acolhimento. Em cuidados paliativos, essa prática pode aliviar dores musculares, melhorar a digestão e proporcionar uma sensação de aconchego. A combinação de toque suave e aromas reconfortantes ajuda a trazer um momento de paz e presença para o paciente, essencial em um contexto de cuidado integral.
Aromaterapia para sintomas emocionais e psicológicos
Óleos essenciais são úteis para aliviar sintomas emocionais, como depressão, medo e ansiedade, em pacientes sob cuidados paliativos. Utilizados corretamente, esses óleos podem oferecer conforto emocional e ajudar a criar uma sensação de calma.
Depressão e medo
Para aliviar sentimentos de depressão e medo, a laranja doce e o gerânio são óleos que ajudam a melhorar o estado emocional. O óleo de laranja doce, com seu aroma cítrico, pode elevar o ânimo e proporcionar uma sensação de alegria. Já o gerânio, com seu perfume floral, auxilia no equilíbrio das emoções e cria um ambiente mais acolhedor.
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Ansiedade
Para lidar com a ansiedade, o óleo essencial de lavanda é conhecido por seus efeitos calmantes. Ele ajuda a relaxar o sistema nervoso e a reduzir a tensão, podendo ser usado em difusores, massagens suaves ou banhos, criando uma atmosfera de tranquilidade.
Cuidado integral e humanizado nos cuidados paliativos
Repensar a forma como encaramos o fim da vida, focando menos no medo e mais na aceitação e serenidade, permite uma experiência mais plena para o paciente e sua família. Os cuidados nos convidam a olhar para a vida de forma mais compassiva, proporcionando um espaço onde o cuidado é mais do que tratamento – é presença, escuta e empatia.
O verdadeiro objetivo é garantir que cada pessoa possa viver seus últimos momentos da melhor maneira possível, cercada de carinho, dignidade e respeito. Ao integrar práticas complementares e uma abordagem multidisciplinar, os cuidados paliativos reafirmam a importância de ver o ser humano em sua totalidade.
Referências
https://youtu.be/ep354ZXKBEs?feature=shared
A morte é um dia que vale a pena viver - ARANTES, Ana Claudia Quintana. Editora Sextante – ISBN 9788543107202 192 páginas
https://periodicos.ufrn.br/casoseconsultoria/article/view/26272
BANDEIRA, M. M.; OLIVEIRA, E. M. .; SAMPAIO, J. M. C. .; PEGORARO, V. A. . Aromaterapia clínica como intervenção terapêutica de enfermeiras (os) nos cuidados paliativos. Revista de Casos e Consultoria, [S. l.], v. 12, n. 1, p. e26272, 2021. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/casoseconsultoria/article/view/26272. Acesso em: 29 ago. 2024.
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